Olá, amigos
Os impostos são uma realidade para qualquer empresário ou consumidor. Entretanto, a maior parte das pessoas não percebe que a tributação no Brasil vai além da alíquota visível dos impostos, como o ICMS, o PIS ou a Cofins. Existe uma série de custos invisíveis que impactam diretamente o fluxo de caixa das empresas e, muitas vezes, são negligenciados até que se tornem um problema. Este é o lado oculto dos impostos, que muitas vezes afeta mais os negócios do que os tributos em si. Vamos entender melhor o impacto desses custos.
1. Custo de compliance fiscal e a sobrecarga burocrática
O Brasil é um dos países com maior complexidade tributária do mundo. Isso não é uma alegação vazia, mas um reflexo de um sistema que exige não apenas o pagamento de tributos, mas também o cumprimento de uma série de obrigações acessórias. A Lei nº 9.430/1996, que rege a apuração do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, e a Lei nº 10.637/2002, que regula o PIS, são exemplos de normas que exigem um acompanhamento constante para garantir que as empresas cumpram com suas responsabilidades fiscais.
Além disso, empresas precisam lidar com o que é chamado de “obrigação acessória”, que são documentos e declarações que devem ser enviadas aos órgãos competentes regularmente. Exemplos disso incluem a Escrituração Contábil Fiscal (ECF) e a Escrituração Fiscal Digital (EFD), que detalham a apuração de impostos e a movimentação de bens e mercadorias. O tempo e os recursos necessários para compilar e transmitir essas informações são custos invisíveis que muitas vezes não são levados em consideração nas análises de custo de produção ou de operação.
Esses custos de conformidade fiscal envolvem a contratação de contadores e advogados especializados, além de softwares de gestão tributária que podem representar investimentos significativos, especialmente para pequenas e médias empresas. Além disso, a constante mudança nas leis tributárias exige treinamento contínuo e adaptações constantes por parte das empresas. Isso cria um cenário de incerteza tributária, que aumenta os custos operacionais e gera um desgaste adicional para os empresários.
2. Impostos indiretos e a guerra fiscal entre estados
Outro aspecto que compõe os custos invisíveis dos impostos no Brasil é a guerra fiscal entre os estados. O ICMS, por exemplo, é um imposto estadual que incide sobre a circulação de mercadorias e serviços e, embora regido pela Lei Complementar nº 87/1996, apresenta uma complexidade imensa devido às variações nas alíquotas de cada estado. Esses estados podem oferecer incentivos fiscais para atrair empresas, o que gera distorções e cria um sistema confuso para as empresas que operam em mais de uma unidade da federação.
A complexidade das alíquotas
O ICMS, um dos principais impostos sobre o consumo, possui alíquotas que variam de estado para estado, o que resulta em custos adicionais para as empresas. Empresas que vendem produtos ou serviços para diferentes estados precisam calcular e aplicar a alíquota correta de ICMS, e isso pode ser uma tarefa desafiadora devido às diversas interpretações legais e ajustes de alíquotas. Como cada estado tem sua própria interpretação sobre o imposto, o risco de cometer erros é grande, e os custos com consultoria jurídica e tributária aumentam, como vimos no artigo (inserir link)
Essa guerra fiscal também causa distorções no mercado, pois estados que oferecem incentivos fiscais podem criar uma concorrência desleal entre as empresas. Empresas localizadas em estados com alíquotas mais altas acabam sendo prejudicadas em termos de competitividade, já que os concorrentes em estados com alíquotas menores têm um custo tributário reduzido. Isso afeta diretamente a formação de preços e, consequentemente, o comportamento de compra do consumidor final.
3. Impostos sobre a folha de pagamento e o impacto nas contratações
O sistema tributário brasileiro impõe encargos significativos sobre a folha de pagamento. A Constituição Federal, no Art. 195, determina que as empresas devem financiar a Seguridade Social por meio do pagamento de contribuições para a Previdência Social (INSS), além de outros encargos como o FGTS e a Contribuição para o Seguro de Acidente de Trabalho (SAT).
A carga tributária sobre a folha de pagamento é uma das mais altas do mundo. O INSS, por exemplo, pode representar até 28,8% do valor total da folha de pagamento, dependendo da categoria de contribuição. Esse custo não inclui apenas o salário do empregado, mas também o custo adicional que a empresa tem com os encargos sociais. Além disso, a necessidade de lidar com diferentes obrigações fiscais, como o envio de declarações mensais (SEFIP, eSocial), aumenta ainda mais os custos administrativos das empresas. Esses encargos tributários elevados têm um impacto direto nas decisões de contratação das empresas. Muitos empresários preferem optar por formas de contratação mais baratas, como o trabalho terceirizado, ou até mesmo por contratos de trabalho informais, para evitar pagar uma carga tributária tão pesada. Isso prejudica não apenas os empregados, que acabam tendo um vínculo de trabalho menos seguro, mas também a economia como um todo, pois há uma redução na formalização do mercado de trabalho.
O que muda com a nova reforma tributária?
A nova reforma tributária, que está em fase de implementação no Brasil, promete ser um divisor de águas para o sistema tributário brasileiro. Seu principal objetivo é simplificar e tornar mais transparente a cobrança de impostos, com um foco especial na redução dos custos invisíveis que drenam o caixa das empresas.
- Criação do IBS
Uma das mudanças mais significativas da reforma é a criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substitui impostos como o ICMS, IPI, PIS e Cofins. O IBS é um imposto único sobre bens e serviços, que promete simplificar a cobrança, centralizando a arrecadação e tornando as alíquotas mais uniformes. Isso significa que as empresas terão menos burocracia para lidar com múltiplos tributos e poderão calcular de forma mais clara o valor a ser pago, o que representa uma redução significativa nos custos com compliance fiscal.
- Desoneração da folha de pagamento
A reforma também prevê a desoneração parcial da folha de pagamento, uma medida que beneficiará principalmente as pequenas e médias empresas. Ao reduzir os encargos sociais sobre os salários dos trabalhadores, a reforma promete aliviar o fardo tributário sobre a mão de obra e permitir que as empresas invistam mais em crescimento e inovação. Essa mudança pode incentivar a formalização do mercado de trabalho e criar um ambiente mais favorável para novas contratações.
Além disso, a reforma promete simplificar os regimes de tributação para as pequenas e médias empresas, com a criação de sistemas mais simples para o pagamento de impostos. Isso permitirá que essas empresas se concentrem mais no crescimento do seu negócio, sem se preocupar com a complexidade tributária.
Essas mudanças representam um grande avanço na simplificação do sistema tributário, o que, em última instância, reduzirá os custos invisíveis que atualmente drenam o caixa das empresas. Embora a transição para o novo modelo seja gradual, as perspectivas são de que a reforma traga uma redução significativa na carga tributária e uma maior previsibilidade para as empresas, o que deverá ter um impacto positivo na competitividade do Brasil no cenário global.
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